unhas vermelhas
Escorregou no lençol úmido, noites quentes lhe traziam na pele o cheiro do suor e marcavam na noite o seu corpo no lençol. Admirava-se por ainda conseguir ter forma, pois os dias eram cada vez mais distantes da sua natureza. Continuou a pensar que o seu brilho que nunca houvera deixado de existir, começava a falhar. Não sabia se agüentaria tanto mais acordar todos os dias para exercer a mesma função. Complicava o seu temor. Quantas noites haveria de lhe fazer esperar um novo dia? Será que havia desistido de seus anseios? Os olhos um pouco amarelados mostravam o amargor que sentia de si própria, mesmo assim, não perdia a vaidade. Gostava de pintar as unhas de vermelho, achava que lhe dava um toque de sensualidade, precisava que outros olhos a contemplassem, estava infeliz! Algumas vezes, saía de seu apartamento para se sentar na grade do coreto. Adorava aquele coreto de cores verde e marrom. Era seu momento de nostalgia, quando se aconchegava de pernas cruzadas no fino corrimão, recordava as brincadeiras solitárias dentro daquele grande concreto arredondado que só a ela importava. Sabia que era uma criança distante das outras, gostava de suas bromas individuais, o seu melhor amigo - um coreto - que a abrigava da chuva, do sol e a deixava ser o que ela quisesse. Sabia que nunca ia deixá-lo, ele era o seu âmago!

1 Comments:
Oi Má, vou vir sempre aqui ler seus textos.
Beijos
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